Representações sociais sobre a violência em egressos do sistema prisional

O presente trabalho tem como objetivo identificar aspectos das vivências, especialmente aquelas relacionadas às situações de violência, dos egressos do sistema prisional da cidade de Uberlândia, Minas Gerais, e conhecer as representações sociais dos entrevistados sobre violência. A unidade de pesquisa abarcou oito egressos prisionais atendidos pelo Programa de Inclusão Social de Egressos do Sistema Prisional (PrEsp) de Uberlândia. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com o registro de áudio das respostas, sendo discutidos a naturalização da violência na infância como forma de cuidado, o processo de socialização da violência no espaço escolar e a convivência no ambiente penal marcada pela via da violência. Por fim, analisam-se como se representa socialmente o fenômeno da violência e a sua relação com tráfico e consumo de drogas, bem como as experiências dos egressos com diversos tipos de agressões.

RBSP, v. 8, n. 1, 94-110 Fev/Mar 2014

 

Fluxos e dinâmicas do sistema de justiça criminal nas representações sociais dos operadores envolvidos

Considerando a baixa taxa de elucidação de homicídios na Região Metropolitana de Brasília e o alto grau de seletividade do sistema de justiça criminal – SJC, o artigo concentra-se na análise dos fluxos e dinâmicas deste sistema captados pela ótica das representações sociais dos operadores do direito na região. O pressuposto é o de que, tão relevante quanto conhecer as práticas e os números que apontam o funcionamento do SJC, é captar as representações que os operadores, na condição de atores do sistema, elaboram sobre ele. Se as formas de concretização das práticas podem ser responsáveis por sua maior ou menor eficiência e rapidez, bem como por seus efeitos – perversos ou positivos – na dinâmica geral do SJC , as representações construídas por estes atores incidem igualmente sobre as mesmas, orientando condutas que podem reproduzir, tanto quanto transformar ou re-significar, tais práticas. Em última instância acredita-se que o conjunto das práticas e de suas representações tenha desdobramentos mais ou menos diretos sobre o montante e as modalidades de homicídio que caracterizam a região. A hipótese que aqui se defende é a de que, para além do que apontam os dados – numéricos ou não – há um não-dito, e por vezes um interdito, que organiza práticas e que não pode ser esquecido ao se compreender a natureza das políticas de segurança pública em geral.

RBSP, v. 9, n. 1, 82-100, Fev/Mar 2015